Reportagem – Pisos Olímpicos (Revista Prisma – Novembro 2015) – intertravados
“O Parque Olímpico, considerado o “coração” dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, está em fase acelerada de execução das obras das 16 novas arenas olímpicas e nove paraolímpicas, que estão distribuídas pelo 1,18 milhão de m² do megaterreno situado na Barra da Tijuca. A pavimentação das vias internas do Parque Olímpico utilizou os pisos intertravado de concreto, com parte deles em pavimento permeável.”
PISOS OLÍMPICOS
A sensação por quem caminhava entre as vias do Parque Olímpico do Rio de Janeiro no final de outubro, era a de passear por um bairro em fase final de construção. Palco principal das competições durante os Jogos Rio 2016 – serão 16 arenas olímpicas e nove paraolímpicas – o Parque Olímpico ocupa uma área de 1,18 milhão de m² localizada na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, e estava então com 92% de execução dos trabalhos. Parte importante das obras, as vias do complexo esportivo estão também em fase de finalização e empregam pisos pré-moldados de concreto, entre eles, pavers convencionais, pavimento permeável e pisos especialmente desenvolvidos para atender ao projeto arquitetônico das ruas internas e praças da maior e mais importante entre as 34 sedes da Olimpíada 2016, no Rio de Janeiro.
O Parque Olímpico será composto por nove arenas esportivas (Velódromo Olímpico do rio, Centro Olímpico de Tênis, Estádio Aquático Olímpico, Arena do Futuro, Arenas Cariocas 1, 2 e 3, Arena Olímpica do Rio e Parque Aquático Maria Lenk), além do Centro Internacional de Transmissão (IBC, na sigla em inglês), do Centro Principal de Imprensa (MPC, na sigla em inglês), que acolherá cerca de 20 mil jornalistas, e de um hotel.
O plano geral do Parque Olímpico (Masterplan) foi escolhido em concurso internacional de arquitetura finalizado em agosto de 2011 e vencido pelo escritório internacional Aecom, que participou do projeto do Parque Olímpico de Londres. Além de contemplar a definição dos espaços públicos (ruas, áreas livres e acessos) nos modos Jogos e legado, a proposta urbanística prevê a transição entre os dois cenários. O projeto inclui a preservação do meio ambiente, com destaque para a recuperação ambiental das margens da lagoa localizada entorno da área do Parque Olímpico, acessibilidade, uso de inovações tecnológicas e segurança.
Para a construção do Parque Olímpico, a Prefeitura utilizou a modalidade da Parceria Público-Privada (PPP). A vencedora, a concessionária Rio Mais, é a responsável por implantar toda a infraestrutura do Parque Olímpico e manter a área por 15 anos, construir as três Arenas Cariocas, que farão parte do futuro Centro Olímpico de Treinamento, o Centro Internacional de Transmissão, o Centro Principal de Imprensa (MPC), um hotel e a infraestrutura da Vila dos Atletas. Para a construção de quatro arenas (Velódromo, Centro de Tênis, Estádio Aquático e Arena do Futuro), que ficaram fora da PPP, a Prefeitura foi a responsável pela licitação da construção e manutenção dessas arenas e supervisiona a execução das obras.
PAISAGEM TROPICAL
A proposta dos arquitetos do escritório Aecom buscou transformar o espaço em uma paisagem tropical, que reflete as montanhas e as praias da costa brasileira, incluindo colinas levemente inclinadas e caminhos sinuosos. Pelo projeto, os edifícios estão alinhados em ambos os lados de um eixo central – cujo piso é listrado em grafismo preto e branco – que percorre todo o parque.
Os pisos intertravado de concreto, em diversos formatos, foram os escolhidos para pavimentar vias e praças do Parque Olímpico, devido às vantagens que oferecem, de acordo com Tomnila Lacerda, gerente de Engenharia da concessionária Rio Mais. “A escolha foi devido à característica de permeabilidade do piso, que permite a passagem da água, evitando a formação de poças durante a época de chuvas. Além disso, este material é o mais adequado para o reaproveitamento durante o modo legado, quando o Parque Olímpico passará a ser um bairro aberto à população”, explica.
No eixo central de 1km, batizado de Via Olímpica, os pisos intertravado de concreto formam um desenho denominado Romano Olímpico, com as peças nas cores preta e branca formando “ondas”, referenciando-se no famoso calçadão de Copacabana, um dos símbolos do Rio de Janeiro. Para atender à paginação especificada para esse piso, os fornecedores precisaram desenvolver peças com formatos especiais para essa via, nas dimensões de 10x30cm, 20x30cm, 20x20cm e 10x20cm, com 8cm de espessura, compondo um layout diferenciado. Placas de concreto permeável no formato 40x40x6cm, na cor terracota, também foram aplicadas em 12 mil m², no entorno dos mirantes e jardins do Parque Olímpico, garantindo as condições ideiais para o crescimento da vegetação e seguindo os critérios determinados pelo Masterplan.
“Além disso, os pisos intertravado de concreto possibilitam melhores condições para acessibilidade de pessoas com deficiência, mantendo um nível satisfatório de permeabilidade”, avalia Tomnila. Foram aplicados ainda pavers convencionais, em tons de cinza, com paginação em formato de “espinha de peixe”, em diversas áreas do Parque Olímpico.
EXECUÇÃO MECANIZADA E INOVADORA
A pavimentação dos mais de 150mil m² de vias e parques com pisos intertravado de concreto empregou, em sua maior parte, um inovador método de execução com sistemas mecanizados em todas suas etapas desde o sarrafeamento com sistema de nivelamento a laser, ao assentamento e rejuntamento. Segundo Miguel Betarello, direto da Moinho, representante no Brasil das máquinas alemãs Optimas, foi utilizado no assentamento de cerca de 100mil m² dos pisos intertravado do Parque Olímpico um sistema “único no Brasil”, de nivelamento/preparo do “pano” com o equipamento PlanMatic, que usa os dados da topografia direto no seu sistema informatizado para acompanhar todas as caídas e direções de níveis.
Com esse equipamento, afirma Betarello, um único profissional opera o PlanMatic, que é capaz de espalhar todo o material e, depois, fazer o ajuste “fino” do sarrafeamento com precisão na topografia. A instalação dos blocos, explica ele, é feita por duas máquinas Optimas H-88, que podem assentar cada uma em média 700m² de piso por dia. Essa produtividade, obtida com apenas oito colaboradores no total, equivale à de pelo menos 40 homens fazendo o mesmo serviço manualmente.
A capacidade do equipamento a laser de sarrafear acima de 2mil m² por dia e, assim, abrir uma boa frente de trabalho para as duas máquinas assentadoras em curto espaço de tempo é fundamental, para cumprir os prazos muito apertados, especialmente nas etapas finais da obra. Segundo Tomnila, “essas máquinas garantem maior produtividade, com alta taxa de colocação dos pisos. Para assegurar a qualidade na colocação do piso, é feito acompanhamento minucioso do trabalho, garantindo o posicionamento correto das peças”.
QUALIDADE CERTIFICADA
Os fornecedores de pisos intertravado de concreto empregados na pavimentação do Parque Olímpico têm como principal característica a qualidade de seus produtos, garantida pela certificação pelo Selo de Qualidade da ABCP e pela qualificação pelo PSQ (Programa Setorial de Qualidade), do Simac/PBQP-H, do Ministério das Cidades. Esse programa é gerenciado pelo Sinaprocim (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento), tendo como gestora técnica a ABCP.
Dois dos maiores fabricantes de blocos e pisos intertravado de concreto do Rio de Janeiro, a Multibloco e a Pavibloco, estão entre os principais fornecedores dessa obra. “É com orgulho que participamos com nossos produtos da obra do Parque Olímpico, de fundamental importância para o Brasil e ao Rio de Janeiro”, afirma Marcelo Kaiúca, diretor da Multibloco, que completará 30 anos no mercado em 2016. Na mesma linha, Eduardo Grey, diretor da Pavibloco, diz que a empresa se orgulha de participar dessa obra emblemática , “oferecendo produtos de alto nível, certificados e produzidos sob rigoroso controle de qualidade”.
O consórcio Rio Mais, para garantir a qualidade dos materiais entregues, também realiza ensaios de qualidade do material, nos quais são testadas a resistência dos blocos e a sua permeabilidade, dentre outros itens. “Também foi feito ensaio dos serviços, para avaliar, a compactação, granulometria e a umidade’, explica Tomnila.
LEGADO
O Parque Olímpico será destinado à população depois do evento. Seu bulevar e área de lazer serão abertos ao público, enquanto a Arena do Futuro, onde serão disputadas as competições de handebol e golbol, será totalmente desmontada e transformada em quatro escolas municipais em diferentes localidades. Já o Estádio Aquático se transformará em dois ginásios, que serão instalados em áreas onde hoje não há opção para práticas de esporte. Outras instalações, como o HSBC Arena, serão destinadas ao treinamento de atletas de ponta.
As obras do Parque Olímpico começaram em julho de 2012 e contaram com o trabalho de 4.500 operários no seu pico; atualmente têm cerca de 2.500 trabalhadores envolvidos nos seus trabalhos finais, previstos para a conclusão do primeiro trimestre de 2016.
MOINHO: INOVAÇÃO E PRODUTIVIDADE
O sincronismo da Moinho entre os colaboradores e as tecnologias desenvolvidas há mais de 38 anos na Alemanha pela fabricante dos equipamentos Optimas contribuíram fundamentalmente para integrar uma equipe reduzida de oito colaboradores, com alto índice de conhecimento técnico, operacional que operam com precisão o maquinário adequado para esse serviço no Parque, afirma Betarello. Segundo ele, “o país requer uma mudança radical na execução de assentamento dos pisos intertravado, visando à obtenção de maior produtividade e qualidade nos trabalhos. Não há precedentes quanto à precisão do sarrafeador a laser, que alia a agilidade na execução do serviço, à sua perfeita regulagem, que permite o preciso acabamento dos blocos, evitando poças d’água e acompanhando fielmente os projetos de topografia”.
Reportagem: Silvério Rocha
Fotos: Divulgação Concessionária Rio Mais / Dhani Borges e Arquivo Prisma